Volta teu rosto sempre na direção do sol e então as sombras
ficarão para trás.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

But Bennie make them ageless

Eu estava sentada na cama, olhando fixamente para o nada, e pensando em como eu gostaria de mudar minha vida.
A internet, ela abrange tanta coisa, tantas pessoas, realmente somos capazes de ter acesso à tudo (quase tudo, mas literalmente quase TUDO).
Mas como você administra a quantidade de informação que se tem, só depende de você. E quando você não administra...
E minha mãe entrou no quarto, e observando o meu claro desânimo, tentou me confortar, e dizer coisas que me fariam sorrir. E eu tive vontade de desabafar e dizer para ela que gostaria de acordar da minha própria vida. O que não fiz, ainda bem, pois seria uma tremenda ingratidão. Porque não há nada de errado com a vida que ela me proporciona, e sei que ela sempre fez e faz o que está a seu alcance, e essa confissão seria totalmente egoísta, e mesmo que ela não admitisse a magoaria por pensar que o melhor dela não é o suficiente para mim. Que eu não sou feliz assim.
Mas de fato, o problema está em mim. E o pior é que eu não sei lidar com isso.
Eu passo a maior parte do meu tempo tentando mudar de vida, e prestando atenção na vida das outras pessoas, e imaginando como seria se a minha vida fosse diferente. Eu parei de viver a minha vida. É como se ela estivesse congelada e eu esperando que algo aconteça para que finalmente possa viver; diferentemente.
Acontece que essa mudança não é externa, embora eu continue tentando me iludir, tentando engolir essa teoria que eu mesma inventei para me distrair, de que se eu conseguir preencher o externo com coisas materiais, isso vai me preencher emocionalmente.
Adivinhe a minha (já esperada) decepção quando eu descubro que não vai.
Acontece que eu não sou tão emocionalmente consciente assim para me dar conta dessas coisas tão rápido quanto eu gostaria. Muito menos espiritualmente evoluída o bastante para buscar ajuda em situações como essa.
Eu só me sinto perdida e sozinha. E a parte de se sentir sozinha é a pior parte.
Eu acabei desenvolvendo uma teoria (mais uma de inúmeras) de que existem dois tipos de pessoas que assistem seriados, filmes e leem livros. O primeiro tipo são as pessoas que fazem isso estritamente por diversão e passatempo. E o segundo tipo são as pessoas que (inconsciente) estão querendo uma distração da própria realidade, então buscam a realidade inventada dos seriados, das quais facilmente acabam se identificando (porque são personagens criados para esse fim) e assim passam a viver uma "segunda" vida, e acabam esquecendo que quando o final feliz da história chegar, o problema delas, ainda vai estar lá. E adivinha (pela segunda vez) porque eu cheguei a essa conclusão...? Pois é. Eu faço parte do segundo grupo. E é horrível se dar conta disso.
E como meu seriado favorito (Há!) cita: "Como saímos do útero de nossas mães, onde estávamos a salvo, e ninguém nos negligenciou ainda, e viemos parar aqui, nessa realidade totalmente confusa e suscetíveis à perigos?" (em outras palavras, mas a essência é essa).
Normalmente, quando você está nessa fase da vida em que tudo está confuso e a única certeza que você tem é definitivamente não ter certeza de nada, você fica se lembrando dos bons momentos pelos quais você já passou, como se eles pudessem voltar, de tanto você lembrar. E momentaneamente você se preenche dessa alegria. Mas como eu disse: momentaneamente. Porque isso é nostalgia do passado.
Eu sempre achei que a frase "Você faz suas próprias escolhas e toma as rédeas da sua própria vida" fizesse parte de um discurso de encorajamento que tem passaporte carimbado em todo seriado/filme/livro que se preze, para que as pessoas tivessem um momento de iluminação e acreditassem nisso como verdade para elas, e realmente tomassem as rédeas de suas próprias vidas. Mas isso sempre pareceu muito lúdico para mim, muito longe do meu alcance. E qual não é a minha surpresa (pelo menos uma, né) quando quase aos vinte, eu me dou conta de que se eu não apertar o play na minha vida congelada, e começar a renovar minhas boas lembranças, e cultivar os bons laços, eu passarei a vida inteira imaginando como seria a minha vida de verdade, e o que é pior, passarei a vida toda vivendo de pretéritos. E acredite, que mesmo eu tendo me dado conta de tudo isso, não sinto o tal encorajamento necessário para começar essa tal mudança interior.
Pode ser que seja o problema do tal "Overthinking". Pode ser que amanhã ou depois eu volte a escrever sobre desilusões e possíveis planos para reparar essas desilusões.
E (realmente) acredito que o mais importante, no fim das contas, é nunca desistir.

"Hey kids, plug into the faithless
Maybe they're blinded
But Bennie makes them ageless
We shall survive, let us take ourselves along
Where we fight our parents out in the streets
To find who's right and who's wrong"



Ps: Porém, sendo sincera, eu pensarei em alguma forma de sair da minha vida congelada, enquanto termino de assistir ao episódio do meu seriado favorito.

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